EDUCAÇÃO E SAÚDE MENTAL EM TEMPOS DE PANDEMIA

Desde março, o mundo está vivenciando momentos críticos, de transformação e adequação de diferentes realidades impostas pela pandemia do Coronavírus. Construir  narrativas de memórias críticas, contemplando os impactos sociais, políticos, educativos e sobretudo emocionais são fundamentais para compreender como os sujeitos, seres essencialmente interativos e dialógicos, estão construindo suas relações sociais buscando identidade e pertencimento.

Imagens antes da pandemia.

Nesse sentido, a psicanálise elucida – nos situações inerentes à condição humana, exemplificando como momentos de pandemia, isolamento social, morte, sofrimento, ausência de contato físico e demonstrações de afetos/ sentimentos são faculdades peculiares à manutenção da saúde mental dos indivíduos. O pediatra e psicanalista Donald Woods Winnicott  afirma que “ o ser só é ser em função do outro” e, “ só consigo produzir saúde mental quando faço a vida valer a pena de ser vivida”, portanto,  a saúde mental de qualquer pessoa está intrinsicamente ligada à capacidade de manutenção das interações,  experimentações com o meio, conexões entre os sujeitos e construções subjetivas de mundo.

Quando transportamos estes aspectos da psicanálise social ao contexto educativo, especialmente em relação à educação infantil, percebemos que a ruptura da rotina de crianças bem pequenas e bebês revela – nos fragilidades e desafios a serem superados no processo ensino- aprendizagem, uma vez que, esta etapa de ensino prioriza por excelência o processo de interação com o outro, as experiências e trocas com os espaços, as brincadeiras em grupos e a segurança emocional estabelecida entre crianças e adultos.

Precisamos refletir que o papel da educação infantil está além da formalidade educativa da escola, as possibilidades e encontros entre docentes, crianças e familiares são instrumentos de promoção do desenvolvimento integral desses estudantes e por conseguinte,  preconizam a construção de um ensino e de um futuro pós pandemia no qual crianças e bebês são sujeitos que pensam, sentem e desejam algo para si e para o mundo.

Autor: Daniela Santos Guimarães

Especialista em Educação

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